Título: O último passageiro
Autor: Manel Loureiro
Mês: Novembro
Tema: Autor espanhol
Editora Planeta, 382p.
Agosto de 1939. Em pleno alto-mar, um transatlântico vazio e à deriva é achado por um navio cargueiro. Tentando sair vivos da névoa que os encobre, os tripulantes resolvem abordar o navio e procurar alguém ou alguma coisa, e não acham ninguém, exceto um bebê de poucos meses de vida...
Décadas depois, um estranho homem de negócios decide restaurar o navio e deixá-lo da mesma forma como foi encontrado (e isso se aplica a praticamente tudo, exceto as insígnias nazistas que decoravam certas partes do navio). Toda essa dedicação se resume a um ponto: ele quer refazer os passos da embarcação até o momento em que foi encontrado pelo cargueiro. Para isso, reúne um grupo de cientistas e especialistas das mais diversas áreas, dentre eles, Kate, que acabou indo parar no meio deles ao ser descoberta tenta conseguir uma história para o jornal em que trabalha. Deprimida após a morte do marido, ela embarca nessa viagem esperando encontrar somente uma história instigante, e sem saber acaba tendo que lidar com forças poderosas e perigosas, tudo para evitar que o navio e seu principal sobrevivente tenham que pagar novamente um preço caro demais.
Mais uma vez, um livro que eu não dava absolutamente nada. Já perdi a conta de quantas vezes isso acontece comigo e dou graças por ser teimosa de sempre ter um livro em mãos e que queira ler só na teimosia, só porque tem ele no momento. A capa não me disse muita coisa no começo, mesmo assim achei bom guardar para alguma futura eventualidade... Ainda bem.
Também fico impressionada com quantas vezes um livro se utiliza dos nazistas e de seu propósito de segregação e preconceito de uma forma que nunca é boa. Nunca. Não que deveria, claro, essa parte da história humana é uma das mais tristes e nojentas que existem. Só fico abismada com a capacidade dos autores, pois quando eles se prestam a contar uma história onde o nazismo esteja no centro ou como mero pano de fundo, eles consigam deixar o leitor com nojo dos nazistas, com pena das vítimas e refletindo sobre o quanto o ser humano consegue atingir o fundo do poço em matéria de dignidade.
A história já começa com o mistério do navio completamente vazio em pleno alto mar. O estranhamento dos tripulantes do cargueiro que o encontraram me fez roer as unhas algumas vezes, assim como os sustos ao entrarem no navio me fizeram rir demais. Outra coisa boa que eu não esperava e que só fui entender na metade da história é a questão da distorção temporal, eu adoro viagens no tempo e descobrir o mistério desses loops temporais foi atordoante. Certas coisas ficam claras desde o início, como por exemplo, a identidade do milionário que resolve restaurar o navio para levá-lo para alto-mar de novo. Por outro lado, o autor não comenta, só de passagem, o destino dos outros passageiros além de Kate e Feldman. Por um lado, eu gostei, para que não me desesperasse mais ainda, por outro, eu achei que fez falta. Um mistério completamente envolvente que te prende do início ao fim, que faz você se culpar por suspeitar das pessoas erradas e que deixa um gosto de quero mais. Completamente recomendado.
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