Autor: Chris Taylor
Mês: Março
Tema: Um livro com mais de 500 páginas
Editora Aleph, 616p.
Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante, ocorreu uma aventura fantástica.
Para esse livro resolvi fazer uma resenha diferente. Ao invés de escrever uma sinopse pequena e falar sobre as minhas impressões, resolvi partir logo para a segunda parte. Sem dúvida, já está na lista dos melhores do ano.
O livro passa por eventos significantes da vida de George Lucas, quando surgiu a ideia de uma fantasia espacial, como surgiu o nome Star Wars, a escrita dos manuscritos e suas mudanças, a aprovação do estúdio, as filmagens e pós-produções (quando se vê que a real paixão de Lucas era lidar com efeitos especiais, apesar dos colapsos que ele tinha nesses momentos), as estreias (e fica claro a diferença entre cada uma, que vai aumentando de acordo com a popularidade da história), os acordos após o sucesso do primeiro filme, tanto sobre os riscos (porque na época, filmes com continuações eram um risco e tanto) de uma sequêcia quanto sobre os produtos licenciados, as cópias que surgiram depois e a forma que a Lucasfilm lidou com a situação.
Eu gostei de saber sobre várias coisas, como o Star Wars Holiday Special, que foi uma tentativa de manter o interesse na saga durante o tempo entre o que seria no futuro os episódios IV e V, mas que fracassou terrivelmente. E de entender sobre outras, como por exemplo a implicância que alguns atores tinham com o roteiro (eu já sabia de alguns, e não conhecia muito sobre a questão de David Prowse, o Darth Vader dentro da armadura, então essa parte foi muito interessante). Claro que desde a trilogia original, existem muitas falhas e cada vez, cada roteiro passa por aprovações e recusas de Lucas, mas para mim, não era necessário o nível de raiva que os atores e o fandom demonstrou.
Outras partes favoritas foram as que mencionam Carrie e sua personagem lendária: apesar de se tornar um ícone, a princesa Leia sofreu o machismo comum da época, enquanto Carrie, incomodada com o direito dado a Ford de mudar seus diálogos no ep. V, sentiu a carreira estagnada no papel.
[...] Nos primeiros roteiros de Lucas, ela ganhou o primeiro comando na “Lua Verde” ainda sem nome onde os Ewoks viviam. Quando Kasdan escreveu o manuscrito, ela era apenas mais uma integrante da missão de Han à lua. Carrie Fisher pedira a Lucas por algum diferencial para o personagem, talvez um problema com bebida; algo, pelo menos, que indicasse o sofrimento que a princesa passara, o genocídio do planeta inteiro. Ela ganhou um biquíni de escrava.
O livro também fala do universo expandido (e de como a empresa lidou com esse material) em livros em quadrinhos e do controle que a Lucasfilm passou a exercer sobre esse material graças as mortes de Mara Jade e Chewbacca. Quando o autor começa a abordar o surgimento da trilogia prequel, o livro já passou da metade mas foi a metade que eu estava mais ansiosa para ler, porque eu sempre adorei essa trilogia e nunca entendi o ódio por ela, considerando que a trilogia original estava longe de ser perfeita. No entanto, depois de ler os capítulos sobre as prequels, entendi um pouco mais sobre algumas das decisões criativas. Aí o autor fala da criação do filme e da série The Clone Wars até chegar a época mais atual: a venda da Lucasfilm para a Disney (adorei as menções a sucessora de Lucas, que hoje todos tratam como incompetente, mais uma injustiça):
Não, se Lucas fosse vender a Lucasfilm, teria de ser a Lucasfilm mais elegante, ao estilo Edição Especial, que ela conseguisse ser. Era a hora de mudar tudo e torná-la nova, uma última vez.
Primeiro passo: garantir um sucessor. Lucas disse que “ponderou sem parar” até a resposta lhe ocorrer: Kathleen Kennedy, sócia de Spielberg de longa data e uma das mais bem-sucedidas produtoras de Hollywood. Não havia outro candidato. “Por que eu não vi isso antes?”, Lucas se lembra de ter pensado. “Ela sempre esteve bem diante de mim.” Os dois se encontraram para almoçar em Nova York; após colocar o assunto de família e amigos em dia, Lucas disse que estava “caminhando decisivamente” para se aposentar. Será que ela estaria disposta a assumir o comando da Lucasfilm – e potencialmente ajudá-lo a passá-la para uma outra empresa?
A reestrutuação da ordem dentro da história e a divisão entre o que seria considerado cânone e legend e a produção da nova trilogia (encerrada porcamente no fim de 2019), tudo isso ele aborda, incluindo a importância do trabalho de Pablo Hidalgo (com isso me ajudando a entender as razões de todo fã correr para ele com dúvidas sobre personagens e tudo relacionado a Star Wars). Como eu gostei da maneira como Chris Taylor aborda toda a história de Star Wars, eu adoraria que ele relançasse esse livro com mais capítulos falando da trilogia sequel, da continuação de Clone Wars, da recepção a The Mandalorian e aos filmes intermediários (Han Solo e Rogue One). De forma geral, é um livro que fala mesmo de tudo sobre Star Wars, vale a pena para qualquer apaixonado pela saga.
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