Título: O assassinato do arquiduque
Autores: Greg King e Sue Woolmans
Mês: Dezembro
Tema: Sobre um grande evento mundial
Editora Cultrix, 376p.
Durante o início do século XX, existiam três grandes impérios europeus: o alemão, o russo e o autro-húngaro. Francisco Fernando, herdeiro do imperador Francisco José, se negou a desposar outras jovens, teimou e casou com Sofia Chotek, que não era nem de longe considerada adequada ao herdeiro do trono da Áustria-Hungria. Mesmo hostilizados pela nobreza e pelo próprio imperador, Francisco Fernando e Sofia conseguiram construir um lar e uma família onde os filhos não tinham carência nem de bens materiais e nem de afeto, coisa rara nas famílias reais européias.
Preocupado com o futuro dos filhos, já que sua união com Sofia era morganática, Max não seguiria seu pai no trono e ele, Ernst e Sofia não herdariam nenhum bem considerado da realeza, o arquiduque se empenhou em capacitar os filhos para viver sem títulos reais e, mais importante, sem justificativas para se rebelar no futuro e exigir o que não lhes era devido. A vida das crianças e do mundo muda completamente, no entanto, quando as balas de um jovem nacionalista sérvio atingem os alvos e mata Sofia e Francisco Fernando.
O que se vê a partir daí é a deflagração de uma guerra que atinge o mundo inteiro por várias décadas e variadas teorias da conspiração tanto sobre os motivos que levaram o arquiduque a fazer uma viagem considerada arriscada quanto sobre a falta de planejamento na segurança em Sarajevo. No âmbito pessoal, o destaque se dá ao tratamento mesquinho dado aos primeiros órfãos da Primeira Guerra Mundial e como, até hoje, a bisneta do casal morto luta para reaver o patrimônio da família.
Existem por aí livros aos montes, bons e ruins, sobre os eventos que antecederam e procederam a Segunda Guerra Mundial, além de outros tantos sobre os horrores de durante esse período (os vários diários de guerra de refugiados sobreviventes dos campos de concentração são alguns exemplos). Então eu queria algo diferente, que nunca tivesse lido. Depois de muita pesquisa, achei esse sobre os acontecimentos que levaram a Primeira Guerra Mundial.
Eu lembro das minhas aulas de história, onde antes de se entrar mais profundamente no assunto, se falava do assassinato do arquiduque Francisco Fernando e sua esposa Sofia. Esse tópico se resumia a uma simples frase (a guerra começou quando assassinaram o arquiduque Francisco Fernando e sua esposa), era sempre assim, uma frase curta e bem simples. Então quando eu vi esse livro e li a sinopse, percebi que poderia saber muito mais sobre a primeira guerra mundial a partir da perspectiva dos envolvidos no acontecimento desencadeador da guerra. E que bela escolha eu fiz! Este livro é um dos melhores que li do gênero. O modo como os autores descrevem a vida do arquiduque e suas relações tanto políticas quanto familiares com o imperador austro-húngaro é de uma qualidade ímpar. Sem drama e sem floreios, ele fala dos fatos como todo escritor deveria fazer (mas poucos fazem, diga-se de passagem).
Com esse livro, eu aprendi porque o título de arquiduque valia mais do que de príncipe e em que condições Francisco Fernando se tornou herdeiro; entendi mais a questão política da Áustria-Hungria; ouvi falar pela primeira vez sobre uma relação morganática (como foi o casamento entre o arquiduque e Sofia) e o que resultaria disso para os filhos de um casamento desse tipo; soube que seus filhos homens foram presos em campos de concentração durante um período da Segunda Guerra (isso foi uma completa novidade) e sobre os bastidores da viagem do herdeiro do trono austro-húngaro para Sarajevo, local onde ele viria a ser assassinado e as consequências do assassinato na vida dos filhos; principalmente, aprendi muito mais sobre esse período tão distante na memória das pessoas, mas que teve consequências muito sérias para o resto do mundo.
Lançado no ano em que o assassinato do arquiduque completa 100 anos, o livro traz também fotos antigas e atuais da família até a geração atual, além de um prefácio escrito por Sophie Von Hohenberg, bisneta de Francisco Fernando e Sofia. Parece tão surreal que ainda estejam vivos descendentes de grandes personagens históricos, senti isso quando li o prefácio, dá um toque de realidade há algo que está relegado aos livros de história, o que eu acho fantástico. O modo pessoal de Sophie descrever um certo momento familiar é... não tenho palavras para descrever. Adorei o livro, aprendi muito com ele e tenho certeza que voltarei a ler. Um senhor achado e virou tesouro da minha estante. Completamente recomendado.
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