Sinopse: Neste primeiro volume de ficção autobiográfica (de uma trilogia que se completa com Juventude e Verão), um narrador seco e distante conta, sempre no presente, a dura experiência de deslocamento de um garoto sul-africano. Em uma sociedade baseada na violência - que por isso mesmo irradia para todas as instâncias do cotidiano -, entre negros surrados por motivos banais, professores sádicos e colegas de escola truculentos, John mantém viva, como pode, a identidade "diferente". Tarefa difícil nessa infância nada rósea que J. M. Coetzee evoca: com um pai falastrão e perdulário, uma mãe excessivamente bondosa para esse mundo hostil e uma identidade familiar opaca - os Coetzee são de origem africânder, mas falam inglês em casa -, o menino John encontra refúgio só mesmo na introspecção, e o leitor testemunha a construção de uma personalidade fechada e solitária, que é a um tempo herdeira e vítima da brutalidade circundante.
O autor utiliza uma linguagem seca e precisa para relatar seus anos de formação, onde sua família era “estranha” devido a brutalidade que o cercava (o pai não batia nos filhos; a mãe era a chefe de família, quando em outras casas o pai era quem mandava; não vêm de família católica mas ele se declara católico, dentre outras situações). Eu gostei porque o autor não enrola nem dramatiza sobre sua própria vida. Certos relatos podem causar estranheza no leitor, mas é nisso que vemos (pelo menos para mim) quando um livro vale a pena. Recomendado.
Editora Companhia de Bolso.
152 páginas.
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