O último artigo que traduzi da webzine Costume Chronicles. Essa edição foi totalmente dedicada a C.S. Lewis, publicada em 2011.
Portais mágicos (Magical doorways)
Autora (Author): Christine Fitzner.
Tocas de coelho, guarda-roupas, tornados... apenas três das maneiras que as crianças de suas respectivas histórias são transportadas de suas vidas mundanas para mundos mágicos e paralelos. Nosso fascínio por outras terras e os “guarda-roupas” para alcançá-los está espalhado em toda a literatura. Da mitologia antiga, quando as outras dimensões eram vistas como partes físicas da terra (o submundo, os deuses do Olimpo) a fantasia moderna, não há como negar que este é um tema que tem grande apelo para nós.
Meu próprio fascínio começou, como eu suspeito que para muitos na infância, com O Mágico de Oz, embora eu não recomende que alguém tente o método de transporte de Dorothy para chegar a Oz! O filme de televisão de 1985 Alice in Wonderland / Through the Looking Glass também ocupa um lugar fixo em minhas memórias e, possivelmente, é a raiz da minha fixação em espelhos-como-portais. A partir destas primeiras influências, eu me coloquei atrás de espelhos antigos, procurei por casas de gnomos nas árvores, e fique atenta para ver coelhos brancos em coletes.
Brincar de fingir não é incomum, como a maioria das crianças faz, mas muitas vezes eu me pergunto quando elas crescem, se elas algum dia ultrapassam essa fase. Passei a maior parte da minha infância procurando portas secretas, salas e corredores na casa da minha avó, empurrando armários cheios de roupa, convencida de que havia algo maravilhoso e misterioso na parte de trás. Mesmo na adolescência eu fingia (somente na minha cabeça) que era uma noviça em Avalon por trás das névoas ou que eu vivia na The Paris Opera House de Gaston Laroux. Sendo tímida e socialmente desajeitada, essas fantasias normalmente envolviam um lugar para me esconder dos meus pares e ser notada pelos outros como alguém especial (algo que minha personalidade acanhada não me deixaria expressar na vida real).
Deparei-me com Nárnia muito mais tarde, não tendo sido introduzido ao gênero de fantasia fora dos filmes até minha adolescência. Talvez me falte o amor e respeito para com este universo que eu poderia ter tido se o tivesse conhecido quando criança; no entanto, ele ainda atingiu em mim a vontade e o desejo de encontrar um mundo secreto. Como eu assisti ao filme de ação, encontrei-me incrivelmente com inveja de Lucy Pevensie quando ela tropeçou na parte de trás do armário para a Nárnia cheia de neve. Não tenho certeza se teria gostado de encontrar a Feiticeira Branca ou lutar uma batalha contra ela, mas a descoberta é certamente atraente.
Como as décadas seguem e o mundo habitual torna-se mais científico e tecnológico, há menos espaço para a admiração. Enquanto há muitas coisas que não podemos explicar, ainda assim, há muito que podemos explicar. O espaço para a descoberta está encolhendo, aparentemente relegado para estudiosos e cientistas. A magia do mundo está desaparecendo. Precisamos dessas histórias em nossa consciência coletiva, precisamos de C.S. Lewis para nos mostrar o caminho para a magia escondida, porque um mundo desprovido de magia é um lugar realmente sombrio. O desejo de fugir, de ser transportados para Nárnia, Oz, ou mesmo para o país das Maravilhas é tão arraigado em nossa cultura que não parece justo que não exista um guarda-roupa mágico esperando em algum lugar para cada um de nós.
Ou será que existe?
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