27 de jan. de 2020

Lendo o Brasil: MATO GROSSO DO SUL - O Ritual dos Chrysântemos (Celso Kallarrari)

Eurico é filho de pai sírio e mãe índia (guarani). Poliana é filha de um japonês com uma paraguaia. Os dois fizeram um pacto de fidelidade até o casamento, e concretizam esse pacto num rito onde fazem uma inscrição num pé de erva mate. Quando Poliana morre no apartamento onde o namorado Eurico morava, ninguém consegue descobrir se foi por assassinato ou suicídio. Tudo que cerca sua morte é um mistério, cercada pela simbologia dos crisântemos (uma planta ligada a vida do casal), que foram despetalados e semeados em seu corpo. A coisa fica mais estranha porque esse mesmo “ritual” ligada ao crisântemo também se repete nos corpos de outras vítimas depois de Poliana.


Aí está a primeira surpresa do desafio esse ano. O mistério que cerca a morte de Poliana e das outras jovens virgens e a ligação com o crisântemo prende a atenção, e a história fica melhor quando você percebe que não consegue decidir quem é o assassino, mesmo que Eurico seja um suspeito. O livro é curto, o que é bom, porque a leitura não fica cansativa. Recomendo.

Editora Reflexão.
281 páginas.

24 de jan. de 2020

198 livros: UCRÂNIA - Vozes de Chernobyl (Svetlana Aleksiévitch)

Em 1986, o quarto reator da usina nuclear de Chernobyl, na Bielorússia, explodiu, despejando na atmosfera uma quantidade enorme de material radioativo em uma velocidade que mal pode ser calculada. Nos dias de hoje, se estimam que 500 mil pessoas foram afetadas pela explosão. Neste livro, as esposas e os maridos, os filhos, avós, bombeiros, militares, relatam como foram os dias seguintes a explosão, quais as atitudes do governo atingiram as pessoas e de que forma.


Eu imaginava que esse livro seria muita coisa: visceral, hipnótico, triste, enlouquecedor, tudo em medidas iguais. Mas eu realmente não esperava que fosse TANTO. Ao invés de trazer detalhes sobre o acidente (era isso que eu achava que leria), a autora traz relatos das pessoas que moravam na cidade e de forma elas lidaram com amigos e parentes atingidos, de uma forma ou de outra, pela catástrofe.
Se eu pudesse, faria um resumo de cada um dos relatos, mas não quero dar spoiler, só posso dizer que dois relatos me levaram às lágrimas: o primeiro, de Liudmila Ignatiènko, e do presidente da Sociedade Recreativa dos Caçadores e Pescadores de Jóiniki, Víktor Ióssifovitch Verjikóvski, e dois caçadores: Andrei e Vladímir.
Particularmente, o relato dos caçadores me destruiu, eu tive que fechar o livro, respirar algumas vezes e me convencer a voltar a ler, porque tive vontade de cancelar a leitura na hora. E tem mais, vários outros relatos de pessoas, crianças na época, que tiveram suas vidas afetadas. Livro completamente arrebatador, que te leva a refletir, acima de tudo, sobre o ser humano. Completamente indicado.

Editora Companhia das Letras.
384 páginas.

22 de jan. de 2020

No coração do mar (Nathaniel Philbrick) – DLLC 2020


Título: No coração do mar
Autor: Nathaniel Philbrick
Mês: Janeiro
Tema: Um livro com uma aventura em alto-mar
Editora Companhia das Letras, 371p.

Sem se mover mais para trás, o Essex agora ia direto para baixo. A baleia, havendo subjugado o seu estranho adversário, desembaraçou-se das lascas das tábuas estraçalhadas do casco, revestido de cobre, e nadou para longe, para sotavento, e nunca mais foi vista.

Em 20 de novembro de 1820, em algum ponto do Pacífico Sul, o navio de Nantucket, Essex, foi abalroado por uma baleia que nunca mais foi vista depois desse ataque. Esse é o resumo de um dos desastres marítimos mais famosos do século XIX, que inspirou a escrita de Moby Dick, de Herman Melville.
Nantucket era uma ilha norte-americana cuja economia se baseava totalmente na caça às baleias, e por isso se transformou, na época, no maior polo mundial do comércio de óleo, utilizado como combustível para iluminação e como lubrificante nas novas indústrias. Graças a esse mercado, os baleeiros começaram a explorar mares desconhecidos.
O Essex saiu de seu porto no dia 12 de agosto de 1819, numa viagem que o jovem Capitão Pollard Jr. esperava que fosse curta e esperançosa, mas que se revelou um completo desastre e custou a vida da maioria dos homens sob seu comando. As marcas psicológicas deixadas por esse acontecimento na vida dos sobreviventes permaneceu com eles suas vidas inteiras e só acabou vindo a luz a partir dos relatos do primeiro imediato Owen Chase e do jovem marinheiro Thomas Nickerson.

Assim como quando eu vi o filme, esse livro me deixou com sentimentos mistos. Desde a primeira vez que ouvi falar da história da baleia que atacou um navio baleeiro, fiquei apaixonada por essa história. Fui atrás, li Moby Dick, vi a adaptação (filme bem antigo) e na época, eu queria fazer oceanografia e me juntar ao Greenpeace para salvar as baleias dos japoneses. Foi um choque, anos depois, quando descobri que a história de Melville se baseava em uma história real, e é sobre isso de que se trata esse livro, sem dúvida um dos melhores da minha lista de leituras em 2020 (duvido que essa minha observação seja precipitada). A leitura prende do início ao fim, mesmo com as descrições históricas da época, que para alguns pode ser cansativo, mas ajuda muito a entender a importância do comércio do óleo da baleia.
As descrições fornecidas sobre o processamento do óleo podem ser meio nojentas, por falta de palavra melhor, principalmente se você tem em mente a cena em questão do filme, mas também mostram o que faziam com o cadáver da baleia, porque a primeira vista se pensa “se eles estavam interessados no óleo, o que acontecia com o restante do animal?”.
A medida que se vai lendo, se percebe o nível dos problemas pelos quais eles passaram, devido às decisões equivocadas dos “líderes” do navio, devido as ações mal executadas dos próprios homens, ao ponto de que se pensa que o que acontece com o Essex e os extremos a que eles chegam para sobreviver não passam de castigo divino. Foi exatamente essa a sensação que tive quando cheguei nessa parte:

O Essex deixou uma marca permanente na ilha. Quando Nickerson voltou lá anos depois, ainda era uma devastação enegrecida. “Onde quer que o fogo houvesse ardido, não cresceram árvores, mato nem capim”, relatou ele. A ilha Charles foi uma das primeiras das Galápagos a perder sua população de tartarugas. Embora a tripulação do Essex já tivesse cumprido muito bem a sua parte na redução da população mundial de cachalotes, foi ali, naquela minúscula ilha vulcânica, que deram sua grande contribuição para a erradicação de uma espécie animal.

O livro não poupa detalhes sobre o que aconteceu com os ocupantes do Essex depois do naufrágio, apontando as decisões equivocadas de seu capitão, o preconceito reinante (e devo dizer que mesmo disfarçado, era muito presente) na mente dos naturais de Nantucket que coincidiu depois na forma como, coincidentemente ou não, os sobreviventes foram tratados durante os momentos mais cruéis do tempo em que passaram perdidos no mar.

Só um natural de Nantucket, em novembro de 1820, possuía a necessária combinação de arrogância, ignorância e xenofobia para esquivar-se de uma ilha convidativa (embora desconhecida) e optar por uma viagem de milhares de milhas em alto-mar.

É interessante notar que devido as condições do correio na época e ao fato de que uma viagem dessa durava mesmo muito tempo, as novidades sobre o que acontecera com o Essex e seus tripulantes demorou para chegar em Nantucket, então as pessoas não se apavoraram. A volta do capitão Pollard após seu resgate exigiu um relato do acontecido aos donos do navio, mas o assunto meio que se tornou não mencionável devido ao caráter do comércio e a própria fama da cidade em ser o centro do comércio de óleo baleeiro. Owen Chase foi um dos responsáveis pelo relato do ataque e da vida dos sobreviventes no mar, mas ele acaba por omitir muita coisa.


Thomas Nickerson, o tripulante mais novo e camareiro do Essex, anos mais tarde também escreveu um relato sobre o naufrágio e, apesar de conter informações que não estão presentes na narrativa de Owen, ele também adapta o relato aos seus próprios fins.


Resumindo, esse livro é excelente. Um relato vívido e talvez não tão perturbador quanto os citados acima, mas que não fica atrás de nenhum dos dois. Completamente recomendado.

20 de jan. de 2020

Os arquivos perdidos (Pittacus Lore) – DLS 2020


Título: Os arquivos perdidos: o despertar dos legados
Autor: Pittacus Lore
Mês: Janeiro
Tema: Um livro escrito por mais de um autor
Editora Intrínseca, 89p.

Quando Harlem, o bairro onde Dani vive, começa a ser atacado pelos mogadorianos, a única preocupação da menina é ir buscar a mãe. Mas durante sua fuga, ela descobre que tem os mesmos poderes de John Smith, o et “bonzinho” que ela viu na tv. Ainda sem entender o que está acontecendo com si mesma, Dani vai derrubando mogadorianos pelo caminho e ajudando quem pode. Ela é salva por John e Sam, e passa a entender um pouco mais do que está acontecendo com ela, ao mesmo tempo em que a busca por sua mãe não está dando resultados...

Engraçado que mesmo com esses títulos que dão na cara o que vai acontecer nas histórias curtas desses ebooks, eu ainda consigo ficar na expectativa do tema principal, mesmo com a história já no final. Dessa vez não foi diferente. O interessante é que, como só falta um livro para terminar a série, inserir um personagem novo que tem os mesmos poderes do grupo principal pode ser que traga a morte de mais algum dos lorienos. Se isso vai acontecer, não sei, mas já imagino quem pode ser, dado o final do último livro. Como sempre, recomendo.

17 de jan. de 2020

Melodia mortal (Pedro Bandeira e Guido Carlos Levi) – DLL 2020


Título: Melodia mortal
Autores: Pedro Bandeira e Guido Carlos Levi
Mês: Janeiro
Tema: Um livro de autor brasileiro
Editora Fábrica 231, 240p.

Ao longo de seis contos, Sherlock Holmes e John Watson embarcam em várias aventuras para desvendar crimes que os levam a elaborar hipóteses para elucidar as mortes de grandes gênios musicais. Da Inglaterra vitoriana, o livro transporta o leitor para a Inglaterra atual, onde um grupo de médicos sherlockianos se encontra para discutir cada um dos casos criminosos resolvidos por Holmes e suas conclusões. O objetivo dessas discussões, sempre regadas a um bom jantar, é averiguar se os diagnósticos do famoso detetive seriam corretos (pelo menos tanto quanto pareciam na época) a partir da evolução da medicina.

Esse livro não é nada do que eu imaginava. Quando se trata de Pedro Bandeira, também, o fato de ter surpresa não é nenhuma novidade, e acho que é por isso que eu faço questão de ler qualquer livro dele que me chegue em mãos. A melhor coisa desse livro é o fato de que o autor consegue manter o mesmo tom na narrativa que Arthur Conan Doyle, às vezes nem parecia que eu estava lendo uma história “derivada”. Gostei também dos pequenos resumos que Bandeira incluiu ao fim de cada capítulo sobre a vida e a obra de cada um dos compositores. Livro recomendado.

15 de jan. de 2020

Poemas (Fernando Pessoa) – DLL 2020


Título: Poemas
Autor: Fernando Pessoa
Mês: Janeiro
Tema: Um livro de poesia
Editora IBA, 22p.

Sinopse: Uma antologia de poemas de Fernando Pessoa e de seus heterônimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, incluindo também a “Carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos heterónimos” e as “Notas para a recordação do meu Mestre Caeiro”.

Eu tenho muita dificuldade com poesia, apesar de amar poemas épicos, mas esse livro foi tão agradável e a coletânea de poemas é tão pungente que simplesmente a leitura fluiu e quando cheguei no final do livro, fiquei querendo mais. Recomendo.

13 de jan. de 2020

A pequena livraria dos corações solitários (Annie Darling) – DLL 2020


Título: A pequena livraria dos corações solitários
Autora: Annie Darling
Mês: Janeiro
Tema: Um livro chick-lit
Editora Verus, 308p.

Posy acabou de herdar a Bookends, uma livraria centenária, cujos tempos de glória já passaram faz tempo. A antiga dona da livraria, Lavinia, considerava Posy como uma neta e tinha como empregados os pais dela, já falecidos. No testamento, Lavinia deixa como missão para a jovem fazer a livraria ter lucro novamente, e se em dois anos o local não lucrasse, deveria ser passado para Sebastian, o neto de Lavinia. Então Posy e os funcionários começam a colocar as mãos a obra, buscando formas de atrair clientes e atualizar o local. Mas Sebastian, um cara charmoso e bem sucedido, não dá descanso para Posy, pois ele acha que não tem como uma livraria tão antiga concorrer com as maiores redes do mercado livreiro. O problema é que Posy sempre teve uma paixãozinha não-tão-secreta por Sebastian, e ela precisa aprender a esquecer essa atração para aguentar a presença irritante de Sebastian...

É isso. Não adianta. Esse foi o segundo livro que eu peguei com a temática de livraria que eu realmente achei que iria curtir a leitura. A capa é bonita, o título me chamou atenção e eu fui com tudo, mesmo sendo chick-lit... Novamente (e a raiva que me dá ao perceber isso!) me decepcionei. Não me entendam mal, o contexto da história é bacana, mas por que sempre a protagonista precisa ficar de cabeça virada quando se trata do cara? E sempre um cara que a trata com desrespeito e pouco caso para depois se descobrir que ele estava interessado, mas não sabia lidar com seus sentimentos. Sempre é esse o rumo da história (ou seria a fórmula que as autoras utilizam, aliás, isso é uma fórmula?), e isso me irrita DEMAIS. O final acaba sendo previsível, como o de todo chick-lit que eu já li até hoje, então só o que dá para dizer é que eu gostei da leitura.

10 de jan. de 2020

Viagem à terra da rainha do crime (Tito Prates) – DLL 2020


Título: Viagem à terra da rainha do crime: uma aventura de emoções na Inglaterra de Agatha Chirstie
Autor: Tito Prates
Mês: Janeiro
Tema: Um livro que se passe em um lugar que você quer conhecer
Editora Chiado, 230p.

Sinopse: A viagem de aventura e emoção de um fã e conhecedor brasileiro pelos locais da Inglaterra onde ela morou e que tiveram importância para sua obra. Algumas teorias comprovadas pelo autor e uma cronologia completa da vida e obra da Duquesa da Morte. Um sonho para qualquer fã de Agatha Christie.

Esse livro é uma maravilha. A minha única ressalva é: gostaria que tivesse mais fotos dos locais visitados pelo autor. Mas fora isso, não tenho nada a reclamar. Na verdade, fiquei surpresa com a forma que Tito Prates escreveu esse livro, como se fosse um diário de viagem. Eu esperava algo como um guia turístico, bastante ilustrado, mas ao invés disso o autor relata desde sua chegada na Inglaterra. Enquanto vai entremeando a história real dos lugares com sua relação com a vida de Agatha Christie, ele também vai citando os lugares citados nos livros da autora, de um jeito que não fica confuso. Fiquei impressionada com o nível do conhecimento dele sobre a vida de Agatha, digno de um fã verdadeiro. Vale muito a pena, completamente recomendado.

8 de jan. de 2020

A rosa branca (Amy Ewing) – DLL 2020


Título: A rosa branca
Autora: Amy Ewing
Mês: Janeiro
Tema: Um livro de capa branca
Editora Leya, 320p.

Violet Lasting é uma das muitas jovens compradas por mulheres da Jóia para servirem de barrigas de aluguel, já que as damas da nobreza tem um problema genético que as impedem de engravidar. Ela acaba se envolvendo com Ash, um acompanhante e ambos são descobertos. Lucien, um dos amigos de Violet e sua dama de companhia (feminino porque é um homem castrado) arma uma fuga antes que ela seja castigada, mas Violet insiste em levar Ash, que foi brutalmente punida e corre risco de morte, e Raven, sua amiga que também era uma substituta, e acaba contando com a ajuda de Garret, filho da Duquesa. Quando chegam ao seu destino, A rosa branca, Violet descobre mais sobre os seus poderes e sobre uma sociedade secreta que começou a agir para acabar com os abusos da Jóia.

Esse livro foi bem... morno. Todo segundo livro é o intermediário, e a história uma vezes é rápida, outras não. Foi o caso desse livro. Mais da metade do livro fala da fuga de Violet, Ash e Raven. Foi minha parte favorita porque o clima de tensão é constante. Somente depois que eles chegam na Rosa branca, e Violet começa a descobrir mais sobre a história do lugar e sobre seus poderes, que a história fica devagar. Mas o final... foi daqueles que você precisa ter em mãos logo o livro seguinte. Apesar de ser como eu esperava, consegui ficar bastante ansiosa. Recomendo.

6 de jan. de 2020

Feliz 2020!


Depois que eu descobri que os desafios literários são excelentes maneiras de se esvaziar uma lista de leitura, então lá vou eu continuar com o Desafio Literário Livreando 2020, do blog Livreando;


o Desafio Literário Skoob 2020, pelo facebook;


o Desafio Literário Livraria Cultura, esse ano com o marcador azul;


os Desafio A volta ao mundo em 198 livros e Desafio Lendo o Brasil. Esse ano consegui encaixar nos desafios mais livros da minha estante, só tive que correr atrás de uns poucos, então considerando a quantidade de livros não lidos que eu tenho, consegui sair no lucro rsrsrsrs