Título: As Irmãs Romanov: A vida das filhas do último tsar
Autora: Helen Rappaport
Mês: Julho
Tema: Escrito por autora européia
Editora Objetiva, 523p.
Sinopse: Em 17 de julho de 1918, quatro jovens mulheres desceram 32 degraus até o porão de uma casa em Ecaterimburgo, na Rússia. A mais velha tinha 22 anos e a mais nova, apenas dezessete. Junto com os pais e o irmão de treze anos, foram cruelmente assassinadas. Seus crimes: serem filhas do último tsar da Rússia.
Muita coisa foi escrita sobre Nicolau II, sua mulher Alexandra e o trágico destino da família imperial, como também sobre a Revolução Russa de 1917, mas pouco se disse sobre o drama das princesas Romanov, que sempre foram vistas como personagens secundárias dessa trama. Em As irmãs Romanov, no entanto, a aclamada biógrafa Helen Rappaport traz a história delas para o centro da narrativa e oferece aos leitores o mais completo relato da vida das grã-duquesas Olga, Tatiana, Maria e Anastácia.
Tendo por base as cartas e os diários das jovens e em fontes primárias nunca antes examinadas, Rappaport desenha um quadro vívido das irmãs nos últimos dias da dinastia Romanov. Seguimos as grã-duquesas desde o nascimento, passando pela infância superprotegida, até os anos de juventude — as primeiras paixões, os sonhos, a dificuldade de lidar com um irmão hemofílico e uma mãe cronicamente inválida — e, por fim, o trauma da Revolução e suas terríveis consequências.
Com um texto instigante, baseado em uma pesquisa meticulosa, As irmãs Romanov dá voz a essas quatro jovens e é capaz de comover leitores um século depois de suas mortes trágicas e prematuras.
A história tem dois lados. Essa é uma frase muito comum de se ouvir. Só que eu acho que deveriam dizer: a história tem vários lados e esse livro é uma prova disso. Não é errado dizer que sobre a história da Rússia dois assuntos sempre são muito discutidos: a Revolução russa e a queda dos Romanov. Dois pontos de vista sobre o mesmo período histórico. Mas como a história não tem só dois lados, esse assunto já foi abordado por várias perspectivas: a do romance entre Nicolau e Alexandra (o livro do Massie é uma maravilha), a do assassinato dos Romanov e a discussão sobre o reconhecimento dos corpos (também outra obra-prima de Massie), e agora esse, sobre as filhas do último czar.
Elas são quatro garotinhas. São espertas, inteligentes, mas ninguém na Rússia as quer, com exceção de seus pais.
Esse é um ótimo trecho que define muito bem a situação de Olga, Tatiana, Maria e Anastácia. Muito amadas pelos pais, isso é fato, mas sempre deixadas de lado em prol de Alexei, o tão esperado herdeiro para o trono imperial. Tanto que Olga, a mais velha, só é considerada para assumir o governo em último caso, quando Nicolau já não tinha mais esperança de ter o filho homem. E depois, quando a saúde de Alexei se revela frágil e consideram Olga no caso de uma possível regência em nome do irmão.
A narrativa de Helen sobre a vida das irmãs, desde o nascimento de Olga até a morte de todas prende a atenção. Eu gostei muito do fato da autora se focar bastante nos menores detalhes das vidas das irmãs, desde seus primeiros aprendizados, passando por gostos particulares e os possíveis interesses amorosos. Um tópico que eu gostaria que tivesse sido mais discutido diz respeito a opinião pública sobre as irmãs, coisa que ainda não havia lido, já que as pessoas tendem a se focar em Alexei e a hemofilia. Uma das melhores leituras do ano.